Olá, minha gente, tudo bem ?
Continuando nossas observações sobre a
redação, vamos abordar hoje os discursos direto, indireto e indireto livre, que
são importantes para escrevermos narrativas, bem como para interpretarmos
textos de escritores.
Não é nada difícil, mas alguns podem não
saber diferenciar os diversos discursos.
Primeiro, o que vem a ser o discurso ? O
discurso é a representação da fala das personagens de uma narração. Ele pode
ser de três tipos, descritos abaixo.
Discurso Direto
Temos discurso direto quando representamos
exatamente as falas das personagens. Elas falam
diretamente no texto. Neste tipo de discurso temos os diálogos, que devem ser introduzidos por um travessão ( ― ),
que normalmente aparecem depois dos conhecidos verbos de elocução, como falar, dizer, afirmar, perguntar,
responder, replicar, explicar, entre outros.
Vamos ver um exemplo:
[...] Capitu
estava ao pé do muro fronteiro, voltada para ele, riscando com um prego. O
rumor da porta fê-la olhar para trás; ao dar comigo, encostou-se ao muro, como
se quisesse esconder alguma coisa. Caminhei para ela; naturalmente levava o
gesto mudado, porque ela veio a mim, e perguntou-me inquieta:
— Que é que você tem?
— Eu? Nada.
— Nada, não; você tem alguma coisa. [...]
Machado
de Assis, Dom Casmurro
Percebam acima que temos as palavras diretas
trocadas entre Capitu e Bentinho - diálogo - que vêm precedidas por travessão e depois de um verbo
de elocução, no caso, perguntar.
Discurso Indireto
No discurso indireto, é o narrador que
transmite, com suas palavras, as
falas de suas personagens. Neste caso não temos diálogos, por isso não existem
os travessões, mas os verbos de elocução
continuam a aparecer no texto.
Vamos a um exemplo:
[...] E
a mulher de Maheu continuou a lamentar-se, cabeça imóvel, fechando os olhos de
vez em quando, à triste claridade da vela. Falou do guarda-comida vazio, das crianças que
pediam pão, do café que faltava, da água que dava cólica e dos longos dias passados
a enganar a fome com folhas de couve cozidas. Pouco a pouco foi elevando a voz,
já que o berreiro de Estelle cobria suas palavras; seus gritos estavam ficando insuportáveis.
[...]
Émile
Zola, Germinal
Percebam que, acima, temos a fala da
personagem, a esposa de Maheu, não com as palavras dela, mas explicadas pelo narrador. O verbo de
elocução continua no texto, mas não existem os diálogos.
Discurso Indireto Livre
Já o discurso indireto livre representa a fala interna das personagens. Mostra os
seus pensamentos, o fluxo de sua consciência, sem nenhum
verbo de elocução ou frase introdutória.
Vamos ver um exemplo ?
[...] Agora
queria entender-se com Sinha Vitória a respeito da educação dos pequenos.
Certamente ela não era culpada. Entregue aos arranjos da casa, regando os
craveiros e as panelas de losna, descendo ao bebedouro com o pote vazio e regressando
com o pote cheio, deixava os filhos soltos no barreiro, enlameados como porcos.
E eles estavam perguntadores, insuportáveis. Fabiano dava-se bem com a ignorância.
Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha. [...]
Graciliano
Ramos, Vidas Secas.
O trecho acima representa bem o discurso
indireto livre. Não temos os verbos de elocução, os pensamentos de Fabiano
aparecem livremente no texto, sem diálogos e sem aviso. É o fluxo da
consciência da personagem que é mostrada de maneira completa.
Bem, acho que deu para esclarecer o assunto,
não é ?
Bem, existem normas para passarmos o discurso
direto para o indireto e vice-versa, mas isso fica para outra oportunidade.
A gente se fala numa outra hora, está bem ?
Dúvidas ? Sugestões ? Entrem em contato.
Beijos e até mais !!!
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