domingo, 5 de junho de 2016

Poesia francesa - Charles Baudelaire - L'Ennemi .



Bonjour, mes amis, vous allez bien ?


Vamos falar um pouco mais sobre a poesia francesa. Afinal, cultura geral, e francesa, sempre caem bem, principalmente num domingo assim nuageux, n'est-ce pas ?


Falemos então um pouco a respeito de um dos nomes mais conhecidos na Literatura Francesa: Charles Baudelaire.

Baudelaire nasceu em 1821 e faleceu jovem, aos 46 anos, em 1867. Ele teve um curto período de vida, mas as conturbações neste pouco tempo foram mais do que suficientes.

Filho de pais remediados, tinha problemas de comportamento, o que levou seu pai a mandá-lo para fora da França, com destino à Índia. No meio do caminho, na Ilha de Réunion, ele desembarca e retorna à França, afastando-se da família.

Com a morte do pai, ele herda sua parte do dinheiro e começa a gastar muito. Sua mãe, por receio de que ele gastasse tudo o que tinha, entrou com um processo contra ele por ser pródigo, e seu dinheiro começa a ser administrado por um terceiro.

De gênio inconstante, Baudelaire envolveu-se com drogas e teve uma vida confusa, e, em 1857, lança sua obra mais famosa, As Flores do Mal (Les Fleurs du Mal), coletânea de 100 poemas. Nele, vemos a visão de mundo de Baudelaire, pessimista, realista e com doses de erotismo. Sua obra foi censurada pelas autoridades na época por causa de somente dois poemas.

Baudelaire é considerado um dos precursores do Simbolismo, mas não é como os demais simbolistas, tão apegado ao subjetivismo.

Também leva o mérito de ser o criador da poesia dita moderna, por causa da variedade e dos temas de sua obra.

Veremos abaixo um soneto do livro Les Fleurs du Mal, intitulado L'Ennemi (O Inimigo). Nele, vemos a angústia do poeta diante do tempo que passa e que leva a juventude e também a vida.

Espero que gostem e que conheçam os belos poemas de Baudelaire.

Je vous embrasse ! Bonne semaine à tous et à toutes!


L'Ennemi

Ma jeunesse ne fut qu'un ténébreux orage,
Traversé çà et là par de brillants soleils;
Le tonnerre et la pluie ont fait un tel ravage,
Qu'il reste en mon jardin bien peu de fruits vermeils.

Voilà que j'ai touché l'automne des idées,
Et qu'il faut employer la pelle et les râteaux
Pour rassembler à neuf les terres inondées,
Où l'eau creuse des trous grands comme des tombeaux.

Et qui sait si les fleurs nouvelles que je rêve
Trouveront dans ce sol lavé comme une grève
Le mystique aliment qui ferait leur vigueur? 


— Ô douleur! ô douleur! Le Temps mange la vie,
Et l'obscur Ennemi qui nous ronge le coeur
Du sang que nous perdons croît et se fortifie!

— 
Charles Baudelaire