domingo, 6 de julho de 2014

Lista de obras de literatura da Fuvest - Vidas Secas



Olá, meu povo, tudo bem ?

Mais uma obra da lista da Fuvest para hoje: Vidas Secas


Primeiro, seu autor.

Graciliano Ramos, escritor alagoano, nasceu em 1892. Durante as diversas mudanças de sua família, transitou por muitos locais nos estados de Alagoas e Pernambuco, que acabou usando como cenários de seus livros.

Dono de um estilo conciso e sóbrio, é considerado o melhor ficcionista do Modernismo. Graciliano era muito preocupado com a linguagem, e seu modo de escrever muitas vezes reflete o tom rude do sertanejo, descreve os ambientes desolados desse ambiente árido e mostra o homem como subumano e animalizado, devido ao sofrimento a que é exposto.

Vidas Secas, de 1938, é um bom exemplo disso.

Narra a história de uma família obrigada a ser retirante para fugir de uma grande seca. Fabiano (o pai), Sinhá Vitória (a mãe), o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorrinha Baleia fogem da seca e chegam a uma fazenda, onde vivem de maniera miserável, enquanto aguardam esse período passar para que possam voltar para casa. Mas, com o esgotamento dos recursos, são forçados a continuar a retirada, sempre na esperança de que tudo irá se resolver.

O romance mostra a terra como tirana, que faz o homem sofrer de modo cruel. Fabiano é o sertanejo que vive de maneira oprimida e que é obrigado a se arrastar com a família, o que os leva a uma degradação física e moral.

Os seres humanos passam a agir como animais, sem condições de falar, expressando-se por gestos e sons guturais. Este tema de animalização já foi tratado em romances naturalistas na Europa e no Brasil, como podemos ver nas obras de Émile Zola e Aluísio Azevedo, por exemplo.

De todas as personagens, a que parece mais humana e demonstra mais sentimentos é a cachorrinha Baleia, que faz o caminho oposto do resto da família: ela se humaniza, enquanto os demais se animalizam.

Temos dois trechos para mostrar como isto funciona. Primeiro, um que descreve Fabiano:

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. 


Em contrapartida, vemos as reações quase humanas de Baleia, como neste trecho que fala sobre seus momentos finais:


Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coraçãoPrecisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas.


Graciliano escreveu outras obras importantes como Caetés, São Bernardo e Memórias do Cárcere, e é colocado como dos nossos maiores escritores, ao lado de Machado de Assis.


Bem, voltamos numa próxima oportunidade com outra das obras da Fuvest 2014.

Um beijão para todos e... boa leitura !!!


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