domingo, 13 de julho de 2014

Lista de obras de literatura da Fuvest - O Cortiço


Olá, minha gente, vamos continuar com nossas obras da literatura da lista da Fuvest para o vestibular ?

Temos pela frente um representante do nosso Naturalismo: O Cortiço.

Primeiramente, vamos falar um pouco do autor, Aloísio Azevedo.

Autor importante de nossa literatura, Aloísio Azevedo inaugura no Brasil a escola naturalista com o romance O Mulato, praticamente ao mesmo tempo em que Machado de Assis lança as bases do Realismo com suas Memórias Póstumas de Brás Cubas.

O Naturalismo, influenciado pela medicina experimental, pelo determinismo e pelas ideias científicas, focaliza o homem como fruto do meio em que vive, sendo a hereditariedade também vital para determinar a existência atual e futura dos homens.

Aluísio Azevedo tem um grande interesse em mostrar a vida coletiva e os temas sociais, e isto aparece com maestria em O Cortiço, sua obra-prima.

A preocupação de Aloísio, muito além de mostrar as personagens individualmente, reside em dar destaque ao coletivo das pessoas que vivem juntas, como se estas fossem engrenagens de uma personagem maior e central: o ambiente do próprio cortiço.

A história gira em torno de João Romão, que, depois de muito trabalhar e economizar, cria um conjunto de casas conhecido como o Cortiço São Romão. Ele começa timidamente, mas em pouco tempo cresce e se desenvolve. Passa a abrigar diversas pessoas e a narrativa fala das atividades, paixões, vícios e dramas destas personagens e sua movimentação dentro do cortiço, de forma crua e deplorável.

O cortiço apresenta e analisa tipos humanos variados: Leandra (a Machona), Rita Baiana (a mulata), Augusta Carne Mole (a benzedeira), Firmo (o capoeira), Libório (o velho interesseiro), Pombinha (a moça transformada em meretriz), entre outros.

As personagens se degeneram e mostram seu lado animalesco, e elas são comparadas em aparência e em atitudes aos animais, como já foi feito anteriormente na França por Émile Zola, em seu Germinal.

Abaixo um trecho para mostrar como as personagens são apresentadas como se fossem animais no romance, como se fizessem parte de um ser maior (o cortiço):


Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.


Interessante, não é mesmo ? Leiam O Cortiço, vale a pena.

Ficamos por aqui e mostramos outra obra em breve.


Beijos e até lá !

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