Olá, minha gente, vamos continuar com nossas
obras da literatura da lista da Fuvest para o vestibular ?
Temos pela frente um representante do nosso
Naturalismo: O Cortiço.
Primeiramente, vamos falar um pouco do autor,
Aloísio Azevedo.
Autor importante de nossa literatura, Aloísio
Azevedo inaugura no Brasil a escola
naturalista com o romance O Mulato, praticamente ao mesmo
tempo em que Machado de Assis lança as bases do Realismo com suas Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O Naturalismo, influenciado pela medicina experimental, pelo determinismo e pelas ideias científicas, focaliza o homem
como fruto do meio em que vive, sendo a hereditariedade também vital para determinar a existência atual e futura dos homens.
Aluísio Azevedo tem um grande interesse em
mostrar a vida coletiva e os temas sociais, e isto aparece com maestria em O
Cortiço, sua obra-prima.
A preocupação de Aloísio, muito além de
mostrar as personagens individualmente, reside em dar destaque ao coletivo das pessoas que vivem juntas, como se
estas fossem engrenagens de uma personagem maior e central: o ambiente do próprio cortiço.
A história gira em torno de João Romão, que, depois de muito
trabalhar e economizar, cria um conjunto de casas conhecido como o Cortiço São Romão. Ele começa
timidamente, mas em pouco tempo cresce e se desenvolve. Passa a abrigar
diversas pessoas e a narrativa fala das atividades, paixões, vícios e dramas destas personagens e sua movimentação
dentro do cortiço, de forma crua e deplorável.
O cortiço apresenta e analisa tipos humanos
variados: Leandra (a
Machona), Rita Baiana (a mulata), Augusta Carne Mole (a benzedeira), Firmo (o
capoeira), Libório (o velho interesseiro), Pombinha (a moça transformada em
meretriz), entre outros.
As personagens se degeneram e mostram seu lado animalesco,
e elas são comparadas em aparência e em atitudes aos animais, como já foi
feito anteriormente na França por Émile Zola, em seu Germinal.
Abaixo um trecho para mostrar como as
personagens são apresentadas como se fossem animais no romance, como se
fizessem parte de um ser maior (o cortiço):
Daí a pouco, em volta das
bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns,
após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria
da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já
prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez
dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o
alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao
contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas
e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das
latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e
sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças
ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali
mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das
hortas.
Interessante, não é mesmo ? Leiam O Cortiço,
vale a pena.
Ficamos por aqui e mostramos outra obra em
breve.
Beijos e até lá !
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