Meu povo, tudo bem
por aí ?
Vamos continuar a
falar das obras da lista da Fuvest ?
Hoje é dia de
falarmos de Almeida Garrett e sua
obra Viagens
na Minha Terra.
Bem, muitos
estudantes brasileiros não conhecem Almeida Garrett, mas, depois dos dados que
vou passar, a visão vai mudar.
João Baptista da Silva
Leitão de Almeida Garrett (nome de nobre, compriiiido...) foi natural da cidade
do Porto (1799). Juntamente com Castilho, Alexandre Herculano e Camilo Castelo
Branco, é um dos maiores expoentes do Romantismo
em Portugal.
Sua obra se estende
pela poesia, prosa, teatro, oratória (a arte de bem falar) e jornalismo. Ufa !
Ele era muito chique, não é mesmo ?
Ele fez parte do
primeiro momento romântico português, que tinha como características:
- o nacionalismo
(como reação à invasão de Napoleão e ao neoclassicismo); para firmar o
patriotismo, o romântico português busca suas raízes na época medieval (medievalismo);
- uma preferência
pelo romance de
cunho histórico, mesclado ou não com histórias de ficção;
- o sentimentalismo
romântico, que às vezes chega às raias do exagero, e a morte como
solução dos problemas.
Na verdade, Garrett é
detentor de algumas marcas importantes:
Foi ele quem inaugurou
o Romantismo em
Portugal, com o poema Camões.
Também foi ele quem
escreveu o primeiro texto em prosa
moderna de Portugal: Viagens na Minha
Terra (1843-1845).
O romance, de cunho
histórico, é fundamentado numa viagem que o próprio Garrett fez a Santarém, em
1843, e inspirado numa obra do escritor francês Xavier de Maistre, Viagem à Roda de meu Quarto (1793).
Ele narra a viagem de
maneira dissertativa, descrevendo tudo aquilo que vê durante seu trajeto. Vai,
aos poucos, dando sua opinião sobre os mais variados assuntos.
Além disso, temos a
aparição, em dado momento, da história de amor entre Carlos e Joaninha, que
mostra todo o sentimentalismo do romantismo imperante. Eles são dois
adolescentes que estão no meio de uma relação de amor de juventude. Joaninha
ama Carlos que, por sua vez, ama Georgina. Bem à moda romântica, os problemas
amorosos acabam com um desfecho trágico: Joaninha morre, Georgina entra para um
convento e Carlos, agora sozinho, envereda pela política.
Eis um pequeno trecho
do romance (a parte de tragédia amorosa, é claro, hehehe...)
[...] Carta
de Carlos a Joaninha:
Chegamos
ao lnn (estalagem), triste casa solitária no meio dos campos à borda da
estrada. A mala
chegava
ao mesmo tempo quase.
Eu dei
a mão a Laura para sair da caleche e entrar no coche; e apenas tivemos tempo
para um convulsivo shake-hands e para nos dizer adeus! adeus! com a afetada
secura que exige a lei das conveniências britânicas. A mala partiu ao grande
trote... E dir-te-ei a verdade ou queres que minta? Não, hei de dizer-te a verdade.
Pois senti como um alívio desesperado, uma consolação cruel em a ver partir.
Senti o que imagino que deve sentir um enfermo depois da operação dolorosa em
que lhe amputaram parte do corpo com que já não podia viver e que era forçoso
perder ou perder a vida.
Também
deve ser assim a morte: um descanso apático e nulo depois de inexplicável
padecer.
Era
como morto que eu estava; não sofria, pois.
E já
não pensava em ti, já te não via na minha alma: eu não existia, estava ali.
Voltamos
ao parque; apeei silenciosamente as minhas duas gentis companheiras, e eu fui
só, a pé,
com
passo firme e resoluto para a minha habitação. Nenhuma delas me procurou reter,
nem me disse nada, nem tentou consolar-me. Para quê? [...]
Tragédia e romantismo
são sempre uma coisa, não é mesmo ?
Bem, aguardem a
próxima obra a ser explicada por aqui. Beijos e até mais !