quinta-feira, 3 de julho de 2014

Lista de obras de literatura da Fuvest - Memórias Póstumas de Brás Cubas


Olá, pessoal, tudo bem ?


Hoje damos continuidade às obras literárias da lista da Fuvest.

A de hoje já e bem mais conhecida: Memórias Póstumas de Brás Cubas.


Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) nasceu numa família humilde. Começou sua vida trabalhando como tipógrafo, o que lhe rendeu o primeiro contato com o mundo da leitura.

Autodidata, aprendeu toda sua vasta cultura praticamente sozinho, e começou sua carreira literária sob a influência do Romantismo. Obras de poesia como Crisálidas e Falenas,  e romances urbanos como Ressurreição, A Mão e a LuvaIaiá Garcia e Helena marcam esta primeira fase de sua carreira, de influência mais sentimentalista.


Em 1881, na chamada segunda fase, já sob a influência do Realismo, lança sua obra mais famosa, que inaugura esta escola no Brasil: Memórias Póstumas de Brás Cubas.

O humor ácido, o sarcasmo e uma boa dose de pessimismo são marcas desta fase e de todos os seus romances do início do Realismo. Os romances passam a ser mais densos do que os da primeira fase, porque devassam as profundezas da alma humana, e ele dá origem aos romances psicológicos, que colocam em primeiro plano a análise psicológica dos seres, deixando o próprio enredo num segundo plano.


Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra inaugural do Realismo Brasileiro, foi criada sob o trinômio humor-ironia-pessimismo.

Narra a história de um defunto-autor (Brás Cubas) que, do outro lado da existência, resolve narrar suas memórias, iniciando-as do fim, isto é, de sua morte e enterro, passando pelo nascimento e pelos fatos que ele considera marcantes na sua existência. 

Como Brás Cubas está morto, ele não tem mais pudores e pode falar e analisar sua vida e as pessoas com quem conviveu de maneira muito sincera, sem se preocupar com nada, dando-se o direito de criticar todo mundo, inclusive ele próprio. A partir da narração, o autor faz considerações “machadianas” sobre a condição trágica do ser humano e a amargura de existir.

Capítulos curtos, o hábito de se dirigir ao leitor, frases recheadas de segundas intenções, ironias, sarcasmo e pessimismo permeiam a obra, completamente contrária aos moldes de construção que imperavam nos romances românticos, inclusive nos que ele mesmo tinha escrito.


Vemos o humor a partir da dedicatória, que já mostra uma acidez notável:

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas.


E o desfecho patenteia o pessimismo do defunto, ao fazer o balanço de sua vida:

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.


Poeta, romancista, contista, jornalista, dramaturgo, crítico literário, patrono e dono da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis é considerado um dos maiores, se não for o maior, dos escritores brasileiros, pela inovação do texto,  pelo talento múltiplo e pela extensa obra literária.

E este é um livro que vale mesmo a pena ser lido... não percam !


Bem, retornamos outro dia com mais uma das obras.

Beijos, meu povo, até uma próxima !



Nenhum comentário: