segunda-feira, 30 de junho de 2014

Lista de obras de literatura da Fuvest - Viagens na Minha Terra


Meu povo, tudo bem por aí ?

Vamos continuar a falar das obras da lista da Fuvest ?


Hoje é dia de falarmos de Almeida Garrett e sua obra Viagens na Minha Terra.

Bem, muitos estudantes brasileiros não conhecem Almeida Garrett, mas, depois dos dados que vou passar, a visão vai mudar.

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (nome de nobre, compriiiido...) foi natural da cidade do Porto (1799). Juntamente com Castilho, Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco, é um dos maiores expoentes do Romantismo em Portugal.

Sua obra se estende pela poesia, prosa, teatro, oratória (a arte de bem falar) e jornalismo. Ufa ! Ele era muito chique, não é mesmo ?

Ele fez parte do primeiro momento romântico português, que tinha como características:

- o nacionalismo (como reação à invasão de Napoleão e ao neoclassicismo); para firmar o patriotismo, o romântico português busca suas raízes na época medieval (medievalismo);

- uma preferência pelo romance de cunho histórico, mesclado ou não com histórias de ficção;

- o sentimentalismo romântico, que às vezes chega às raias do exagero, e a morte como solução dos problemas.

  
Na verdade, Garrett é detentor de algumas marcas importantes:

Foi ele quem inaugurou o Romantismo em Portugal, com o poema Camões.

Também foi ele quem escreveu o primeiro texto em prosa moderna de Portugal: Viagens na Minha Terra (1843-1845).

O romance, de cunho histórico, é fundamentado numa viagem que o próprio Garrett fez a Santarém, em 1843, e inspirado numa obra do escritor francês Xavier de Maistre, Viagem à Roda de meu Quarto (1793).

Ele narra a viagem de maneira dissertativa, descrevendo tudo aquilo que vê durante seu trajeto. Vai, aos poucos, dando sua opinião sobre os mais variados assuntos.

Além disso, temos a aparição, em dado momento, da história de amor entre Carlos e Joaninha, que mostra todo o sentimentalismo do romantismo imperante. Eles são dois adolescentes que estão no meio de uma relação de amor de juventude. Joaninha ama Carlos que, por sua vez, ama Georgina. Bem à moda romântica, os problemas amorosos acabam com um desfecho trágico: Joaninha morre, Georgina entra para um convento e Carlos, agora sozinho, envereda pela política.

Eis um pequeno trecho do romance (a parte de tragédia amorosa, é claro, hehehe...)

[...] Carta de Carlos a Joaninha:

Chegamos ao lnn (estalagem), triste casa solitária no meio dos campos à borda da estrada. A mala
chegava ao mesmo tempo quase.
Eu dei a mão a Laura para sair da caleche e entrar no coche; e apenas tivemos tempo para um convulsivo shake-hands e para nos dizer adeus! adeus! com a afetada secura que exige a lei das conveniências britânicas. A mala partiu ao grande trote... E dir-te-ei a verdade ou queres que minta? Não, hei de dizer-te a verdade. Pois senti como um alívio desesperado, uma consolação cruel em a ver partir. Senti o que imagino que deve sentir um enfermo depois da operação dolorosa em que lhe amputaram parte do corpo com que já não podia viver e que era forçoso perder ou perder a vida.
Também deve ser assim a morte: um descanso apático e nulo depois de inexplicável padecer.
Era como morto que eu estava; não sofria, pois.
E já não pensava em ti, já te não via na minha alma: eu não existia, estava ali.
Voltamos ao parque; apeei silenciosamente as minhas duas gentis companheiras, e eu fui só, a pé,
com passo firme e resoluto para a minha habitação. Nenhuma delas me procurou reter, nem me disse nada, nem tentou consolar-me. Para quê? [...]


Tragédia e romantismo são sempre uma coisa, não é mesmo ?


Bem, aguardem a próxima obra a ser explicada por aqui. Beijos e até mais !

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