segunda-feira, 2 de junho de 2014

Crase III, a revanche !!!

E aí, minha gente, vamos terminar a nossa saga da crase ?

Últimas informações a respeito...


Casos especiais:

A) O uso da crase diante de possessivos, quando não se referem a nomes de parentesco, é facultativo:
Ele referiu-se a minha viagem ou ele referiu-se à minha viagem (ambas corretas).

B) Diante de nomes próprios personativos femininos, a crase é também facultativa:
Escrevi a Marina ou escrevi à Marina (ambas corretas).

Obs.: Na linguagem formal, prefere-se não usar a crase:
A polícia dará proteção a Márcia Nogueira.

C) A locução a distância tem uso facultativo de crase:
Ela viu o monte à distância. Os universitários estão habituados ao ensino a distância.

D) À vista ou a vista ?
Se for a ideia de ao alcance da vista, usaremos a locução craseada. Ex.: Terra à vista !
Se for o antônimo de a prazo, não temos a crase marcada. Ex.: Comprei o carro a vista.

E) Quando temos oculta a expressão à moda de ou à maneira de, mesmo diante de palavras masculinas, a expressão será craseada, por concordar com esses termos que não aparecem:
Ele comeu um bife à (moda) milanesa e outro à parmegiana. Ela cortou o cabelo à (maneira de) pigmaleão. Ele escreve à (maneira de) Machado de Assis. A decoração do castelo foi feita à (moda de) Luís XV.

F) Podemos também lançar mão da crase para evitar a ambiguidade (duplo sentido), deixando o sujeito sem ela e seu objeto com.
Se dizemos: A mãe a filha convidou, podemos ter dúvidas de quem convidou quem. Neste caso, e em outros, podemos crasear o objeto para esclarecer: A mãe à filha convidou (a mãe convidou a filha). Legal, né ?


Locuções e expressões

A) Há crase em: à direita, à esquerda, à força, à moda, à maneira, à mesa, à noite, à risca, à solta, à vontade, às vezes, à toa, à beça, às claras, às pressas, à custa de, à espera de, à força de, à procura de, à medida que, à proporção que, entre outras.

B) A crase é facultativa nas expressões que exprimem meio ou instrumento, e modo: barco a (ou à) vela; escrever a (ou à) máquina; fechar a porta a (ou à) chave; o malfeitor o atacou a (ou à) bala, a festa é a (ou à) fantasia, escreveu a (ou à) tinta, respondeu a (ou à) caneta, entre outras.

C) Não há crase nas seguintes expressões com palavras no plural: a duras penas, a marteladas, a duas mãos, entre outras.

D) Não se coloca crase nas seguintes expressões: a prazo, a crédito, a débito, a lápis, a pé, a nado, a mando de, a pedido de, de cabo a rabo, pouco a pouco, dia a dia, mano a mano, entre outras.

E fica a dica: gente, apesar do uso generalizado, as expressões TV a cores e entrega a domicílio não existem e, mesmo que alguém decidisse craseá-las num momento de delírio, nem assim elas portariam crase... as expressões corretas são TV em cores e entrega em domicílio, ok ?


Observação: e esta aqui é importante. A crase é um assunto controverso, mesmo nos meios acadêmicos. Autores há que creem piamente no uso de expressões craseadas para evitar duplo sentido, ou por seguirem a tradição, e outros, pela mesma tradição, ou por gosto pessoal, acreditam que ela não deve ser usada em vários casos. Por isso, encontramos regras diferentes em autores diversos, mas somente quando a questão é de crase facultativa. As regras de usar e não usar expressas devem ser seguidas, beleza ? Coloquei aqui informações facultativas baseadas em autores que acredito estarem mais coerentes com o uso da crase, e com os quais concordo.


Crase diante dos demonstrativos a, as, aquele(s), aquela(s), aquilo.

Enfim, chegamos ao final. Vamos falar sobre os demonstrativos acima e a crase.

A crase existe diante de palavra que pede preposição, seguida dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo, para evitarmos o encontro de duas vogais a:

Você não vai a + aquela festa → Você não vai àquela festa.
Ela se referiu a + aquele problema → Ela se referiu àquele problema.
Não dê importância a + aquilo → Não dê importância àquilo.

O mesmo ocorre em relação aos demonstrativos a e as:

Não me refiro a esta causa, e sim a + a (= aquela) que vimos ontem. → Não me refiro a esta causa, e sim à que vimos ontem.
O problema não vai chegar a esta esfera, mas a + as (= aquelas) muito mais altas. → O problema não vai chegar a estas esferas, mas às muito mais altas.


Com isto, encerramos nossa saga, ebaaaa !!!  E a Força esteve conosco o tempo todo !!!

Claro que dúvidas de crase sempre aparecem. Tentem usar a lógica. Se não funcionar, mandem a dúvida para mim e eu respondo, tá certo ?

Beijos e até uma próxima !!!


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