E aí, pessoal, tudo bem com vocês ?
Hoje gostaria de lembrar as três gerações poéticas
do Romantismo no Brasil.
A primeira geração de poetas românticos, que
introduziram essa escola no Brasil, eram influenciados por um nacionalismo
exacerbado, um desejo de valorizar a nossa terra e a nossa gente, e tomaram
como símbolo o mais genuíno do que existia por aqui: o índio. Surge o movimento
indianista, que romantizava a figura
dos habitantes originais da terra, tornando-os símbolo da pureza, idealistas,
heroicos, com traços e comportamento típicos dos europeus.
O lirismo de nossos representantes da
primeira geração é patente. Figuras como Gonçalves de Magalhães e Gonçalves
Dias evidenciam isto.
A segunda geração romântica já é marcada por
um sentimentalismo exagerado, e este exagero chegou às raias da insanidade. Os
poetas dessa geração, atormentados pelo famoso mal do século, sem ver saída
para sua emotividade exagerada, inspirados no poeta inglês Lord Byron, iniciam
um culto ao amor impossível, à fatalidade que ele traz, e à morte, única
solução para o sofrimento e a dor. É o Ultrarromantismo
que invade a poesia, com seus temas sobre a saudade, a infância, a dor, o amor
que não se concretiza e a certeza de que a morte trará o repouso àquele que
sofre.
Belíssimos poemas e grandes poetas, tão
talentosos e que faleceram jovens, entre 18 e 30 anos, formam o quadro dessa
fase: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela são os grandes
vultos dessa geração.
A terceira geração romântica começa a surgir
no Brasil, influenciada pelos novos ares de mudanças que surgem no horizonte.
Os poetas voltam-se às causas sociais e políticas, engajando-se nos movimentos
abolicionista e republicano, e seus ideais de um novo tempo aparecem nos
poemas. Castro Alves é o maior expoente dessa fase, e sua crítica ao
escravagismo e à monarquia ressoa nos versos desta fase conhecida como a de Poesia Social, deixando ecoar os
primórdios do desenvolvimento do que seria, pouco depois, o Realismo.
Mas como em literatura nada é muito estanque,
passamos agora um poema de que gosto muito, de Castro Alves, e que
incrivelmente não é de cunho social, mas um belo poema aos moldes ingênuos do
sentimentalismo romântico.
Laço de
fita
Não sabes, criança?
'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
(Castro Alves)
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
(Castro Alves)
Bonitinho,
não é ? Ah, o Romantismo...
Voltamos
com outras informações numa próxima postagem.
Beijos, meu povo, até mais !
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