quarta-feira, 18 de junho de 2014

As três gerações românticas da poesia no Brasil.

E aí, pessoal, tudo bem com vocês ?

Hoje gostaria de lembrar as três gerações poéticas do Romantismo no Brasil.


A primeira geração de poetas românticos, que introduziram essa escola no Brasil, eram influenciados por um nacionalismo exacerbado, um desejo de valorizar a nossa terra e a nossa gente, e tomaram como símbolo o mais genuíno do que existia por aqui: o índio. Surge o movimento indianista, que romantizava a figura dos habitantes originais da terra, tornando-os símbolo da pureza, idealistas, heroicos, com traços e comportamento típicos dos europeus.

O lirismo de nossos representantes da primeira geração é patente. Figuras como Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias evidenciam isto.

A segunda geração romântica já é marcada por um sentimentalismo exagerado, e este exagero chegou às raias da insanidade. Os poetas dessa geração, atormentados pelo famoso mal do século, sem ver saída para sua emotividade exagerada, inspirados no poeta inglês Lord Byron, iniciam um culto ao amor impossível, à fatalidade que ele traz, e à morte, única solução para o sofrimento e a dor. É o Ultrarromantismo que invade a poesia, com seus temas sobre a saudade, a infância, a dor, o amor que não se concretiza e a certeza de que a morte trará o repouso àquele que sofre.

Belíssimos poemas e grandes poetas, tão talentosos e que faleceram jovens, entre 18 e 30 anos, formam o quadro dessa fase: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela são os grandes vultos dessa geração.

A terceira geração romântica começa a surgir no Brasil, influenciada pelos novos ares de mudanças que surgem no horizonte. Os poetas voltam-se às causas sociais e políticas, engajando-se nos movimentos abolicionista e republicano, e seus ideais de um novo tempo aparecem nos poemas. Castro Alves é o maior expoente dessa fase, e sua crítica ao escravagismo e à monarquia ressoa nos versos desta fase conhecida como a de Poesia Social, deixando ecoar os primórdios do desenvolvimento do que seria, pouco depois, o Realismo.

Mas como em literatura nada é muito estanque, passamos agora um poema de que gosto muito, de Castro Alves, e que incrivelmente não é de cunho social, mas um belo poema aos moldes ingênuos do sentimentalismo romântico.

Laço de fita

Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!

Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.

Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.

(Castro Alves)


Bonitinho, não é ? Ah, o Romantismo...

Voltamos com outras informações numa próxima postagem.


Beijos, meu povo, até mais !

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