quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Variações linguísticas


Bom dia, minha gente ! Tudo bem !

Vamos falar hoje sobre variações linguísticas.

E o que é isso ?

A língua é um organismo vivo, porque ela é usada pelos falantes de maneiras muito diferentes, dependendo de vários fatores. Essas diferenças do uso da língua são conhecidas como variações linguísticas. E elas podem ser de vários tipos.

Vamos conhecer mais este assunto ?

Tradicional e academicamente, dividimos as variações em dois níveis:

a)   nível formal (também chamado de norma culta): é o uso mais erudito e trabalhado da língua, regido pelas normas gramaticais baseadas em textos de autores consagrados da língua. É o nível ensinado nas escolas, o nível acadêmico e que deve ser usado no trabalho e nos estudos, principalmente na língua escrita. Por ser pouco utilizada na linguagem oral, a norma culta se torna difícil muitas vezes, e antipática para os estudantes e público em geral, pois é marcada por muitas regras.

b)   nível informal (também chamado popular ou coloquial): como o nome diz, é o nível mais simples, usado no dia a dia, principalmente na linguagem oral, nas redes sociais, em ambientes não acadêmicos. Ele não segue as normas rígidas da Gramática Tradicional, e tem como objetivo principal comunicar, estreitar as relações entre as pessoas.


As variações também acontecem na língua em diversas áreas de estudo linguístico:

→ na fonologia: são variações na pronúncia das palavras dentro dos diversos lugares onde a língua é praticada. Por exemplo, o paulista fala coração com o “o” fechado, ao passo que o baiano pronuncia o mesmo “o” aberto: coração (ó).

→ na morfologia: são variações na formação das palavras dentro da língua. As palavras áureo e dourado surgiram da mesma raiz do latim (aurum), mas foram formadas por meios diferentes e também têm usos diferenciados.

→ na sintaxe: são variações no uso das construções das orações da língua. Quando dizemos prefiro isso do que aquilo ou prefiro isso àquilo, temos em ambas as construções eficiência de comunicação. Apesar da primeira delas ser a mais usada e popularizada, a segunda é a aconselhada pela norma culta da língua.

→ na semântica: variações em relação ao sentido das palavras e expressões da língua. Ao dizermos cabeça, podemos nos referir à parte do corpo, ao chefe ou responsável por algo, a uma pessoa inteligente ou antenada, à extremidade de algo, e por aí vai.

→ no vocabulário (chamado pelos estudiosos de léxico): variações no uso de palavras para representar a mesma coisa na língua. Normalmente essas variações são regionais. Para designarmos um menino, podemos usar várias palavras do nosso léxico: menino, garoto (mais geral), moleque (meio pejorativo), miúdo (muito usado em Portugal), guri (usado pelos cariocas e gaúchos), piá (gaúcho), infante (mais erudito) etc.

→ no uso e estilo da língua: expressões diferenciadas, que dependem do gosto e do uso do falante. Podemos dizer fique à vontade, a casa é sua ou esteja a gosto, sendo esta última mais erudita; é uma questão de gosto e de uso.


Todas essas alterações dependem também de alguns fatores:

→ geografia: os usos da língua variam conforme a região (variações regionais ou regionalismos).

→ classe social: a fala usada num ambiente mais abastado é com certeza diferente da usada num bairro de periferia.

→ grau de escolaridade: uma pessoa que está nas classes de base na escola falará diferentemente de um aluno universitário.

→ idade: sua avó provavelmente dirá que você é um pão, sua mãe, que você é um broto, sua namorada, que você é um gato. Os usos mudam também dependendo da idade do falante.

→ profissão: no meio profissional também usamos vocabulários mais específicos das diversas áreas, o que mostra uma outra variação de uso linguístico.


Bem, para finalizar, devemos falar mais uma coisinha.

Existe uma diferença entre a Gramática Normativa e a gramática.

A Gramática Normativa é o conjunto de regras e normas (vamos dizer as leis) que mostram como a língua deve ser usada no nível formal. Essas regras são baseadas nos escritos dos grandes escritores e na fala da população mais elitizada. Ela deve ser seguida ao escrevermos em língua materna, principalmente na escola, nos meios acadêmicos e no trabalho. Por que em língua escrita ? Porque o que escrevemos são documentos, registros, e devem ser feitos com mais cuidado para não pagarmos um "micão" por aí, não é mesmo?

Escrever corretamente não é escrever de maneira difícil, mas com o cuidado de termos respeito às normas do padrão culto.

Já a gramática (linguisticamente falando) é o conjunto de normas internas da língua, as relações lógicas que estão internalizadas na mente dos falantes. Nem sempre elas estão de acordo com o padrão culto, mas elas mantêm a unidade da língua e as estruturas de uso da mesma. A gramática linguística nos dá as possibilidades de formas de uso da língua (principalmente oral) e permite que os falantes se entendam, pois seu intuito principal é estabelecer a comunicação.


Não é tão difícil, não é ? E é muito interessante...


Bem, ficamos por aqui. Um beijão e até a próxima !


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