Bom dia, minha gente ! Tudo bem !
Vamos falar hoje sobre variações
linguísticas.
E o que é isso ?
A língua é um organismo vivo, porque ela é
usada pelos falantes de maneiras muito diferentes, dependendo de vários
fatores. Essas diferenças do uso da língua são conhecidas como variações
linguísticas. E elas podem ser de vários tipos.
Vamos conhecer mais este assunto ?
Tradicional e academicamente, dividimos as
variações em dois níveis:
a)
nível
formal (também chamado de norma culta): é o uso mais erudito e trabalhado da
língua, regido pelas normas gramaticais baseadas em textos de autores
consagrados da língua. É o nível ensinado nas escolas, o nível acadêmico e que
deve ser usado no trabalho e nos estudos, principalmente na língua escrita. Por
ser pouco utilizada na linguagem oral, a norma culta se torna difícil muitas
vezes, e antipática para os estudantes e público em geral, pois é marcada por
muitas regras.
b)
nível
informal (também chamado popular ou coloquial): como o nome diz, é o nível mais
simples, usado no dia a dia, principalmente na linguagem oral, nas redes
sociais, em ambientes não acadêmicos. Ele não segue as normas rígidas da
Gramática Tradicional, e tem como objetivo principal comunicar, estreitar as
relações entre as pessoas.
As variações também acontecem na língua
em diversas áreas de estudo linguístico:
→ na fonologia: são variações na pronúncia
das palavras dentro dos diversos lugares onde a língua é praticada. Por
exemplo, o paulista fala coração com o “o” fechado, ao passo que o baiano
pronuncia o mesmo “o” aberto: coração (ó).
→ na morfologia: são variações na formação
das palavras dentro da língua. As palavras áureo e dourado surgiram da mesma
raiz do latim (aurum), mas foram formadas por meios diferentes e também têm
usos diferenciados.
→ na sintaxe: são variações no uso das
construções das orações da língua. Quando dizemos prefiro isso do que aquilo ou
prefiro isso àquilo, temos em ambas as construções eficiência de comunicação.
Apesar da primeira delas ser a mais usada e popularizada, a segunda é a
aconselhada pela norma culta da língua.
→ na semântica: variações em relação ao
sentido das palavras e expressões da língua. Ao dizermos cabeça, podemos nos
referir à parte do corpo, ao chefe ou responsável por algo, a uma pessoa
inteligente ou antenada, à extremidade de algo, e por aí vai.
→ no vocabulário (chamado pelos estudiosos de
léxico): variações no uso de palavras para representar a mesma coisa na língua.
Normalmente essas variações são regionais. Para designarmos um menino, podemos
usar várias palavras do nosso léxico: menino, garoto (mais geral), moleque
(meio pejorativo), miúdo (muito usado em Portugal), guri (usado pelos cariocas
e gaúchos), piá (gaúcho), infante (mais erudito) etc.
→ no uso e estilo da língua: expressões
diferenciadas, que dependem do gosto e do uso do falante. Podemos dizer fique à
vontade, a casa é sua ou esteja a gosto, sendo esta última mais erudita; é uma
questão de gosto e de uso.
Todas essas alterações dependem também de
alguns fatores:
→ geografia: os usos da língua variam
conforme a região (variações regionais ou regionalismos).
→ classe social: a fala usada num ambiente mais
abastado é com certeza diferente da usada num bairro de periferia.
→ grau de escolaridade: uma pessoa que está
nas classes de base na escola falará diferentemente de um aluno universitário.
→ idade: sua avó provavelmente dirá que você
é um pão, sua mãe, que você é um broto, sua namorada, que você é um gato. Os
usos mudam também dependendo da idade do falante.
→ profissão: no meio profissional também
usamos vocabulários mais específicos das diversas áreas, o que mostra uma outra variação
de uso linguístico.
Bem, para finalizar, devemos falar mais uma coisinha.
Existe uma diferença
entre a Gramática Normativa e a gramática.
A Gramática Normativa é o conjunto de regras
e normas (vamos dizer as leis) que mostram como a língua deve ser usada no
nível formal. Essas regras são baseadas nos escritos dos grandes escritores e
na fala da população mais elitizada. Ela deve ser seguida ao escrevermos em
língua materna, principalmente na escola, nos meios acadêmicos e no trabalho. Por
que em língua escrita ? Porque o que escrevemos são documentos, registros, e
devem ser feitos com mais cuidado para não pagarmos um "micão" por aí, não é
mesmo?
Escrever corretamente não é escrever de
maneira difícil, mas com o cuidado de termos respeito às normas do padrão
culto.
Já a gramática (linguisticamente falando) é o
conjunto de normas internas da língua, as relações lógicas que estão
internalizadas na mente dos falantes. Nem sempre elas estão de acordo com o
padrão culto, mas elas mantêm a unidade da língua e as estruturas de uso da
mesma. A gramática linguística nos dá as possibilidades de formas de uso da
língua (principalmente oral) e permite que os falantes se entendam, pois seu
intuito principal é estabelecer a comunicação.
Não é tão difícil, não é ? E é muito
interessante...
Bem, ficamos por aqui. Um beijão e até a
próxima !
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