Olá, pessoal, tudo tranquilo ?
Vamos falar um pouco de literatura ? Hoje
nosso tema é o Barroco.
O nome Barroco inspira-se na pérola barroca,
de diversas facetas, porque este movimento de transição na literatura é marcado
por uma época de muitos conflitos no mundo.
A religião católica, dominante em muitos
séculos, sofre seu primeiro abalo com a Reforma Luterana. Além disso, temos o
Renascimento e o Humanismo, que mudavam a forma de conhecimento do mundo,
pregando o Antropocentrismo em lugar do Teocentrismo predominante até a Idade
Média.
Para tentar retomar terreno e fiéis perdidos
durante este período, a Igreja empreende a chamada Contrarreforma, para trazer
novamente os homens à fé católica.
O homem desse mundo de conflitos reflete na
literatura essa dualidade homem/Deus, razão/emoção, e o Barroco se estabelece.
Movimento muito ligado às artes plásticas,
que criaram quadros, esculturas e pinturas magníficos (veja-se a obra de Aleijadinho),
também teve uma vertente literária ligada à poesia e à oratória no Brasil.
Nosso país, no começo de sua vida, ainda
colônia de Portugal (devemos lembrar que
estamos nos anos 1600), não tinha uma produção literária desenvolvida, e os
únicos autores de destaque eram de classes abastadas e que estudaram em
Portugal:
Gregório de Matos, de família rica, formou-se
em Direito na Universidade de Coimbra, era poeta e escrevia poemas sacros,
líricos e satíricos. Podemos perceber que os temas mostram a dualidade barroca:
poemas satíricos, que faziam críticas à sociedade da época, líricos, que
exaltavam o amor, e sacros, que mostravam o pecado dos homens. Esta variedade
indica o desejo do ser humano de levar uma vida mundana, mas com o receio do
erro e do pecado trazido pela religião.
Padre Antonio Vieira, nascido em Portugal,
viveu um grande período de sua vida no Brasil como missionário para implantação
da fé católica no Novo Mundo, e é considerado um dos maiores expoentes do Barroco
Português e Brasileiro. Ele desenvolveu como ninguém a arte da oratória,
instrumento largamente utilizado pela Igreja Católica para a expansão de sua
Contrarreforma. Ele escreveu em torno de 200 sermões, obras escritas que eram
proferidas para os fiéis para mantê-los dentro da fé católica, mas também
criticavam a prisão dos índios no Brasil, a Inquisição e outros problemas da
época.
Colocamos aqui, para exemplo, um belo trecho
do Sermão da Sexagésima, um dos mais famosos de Vieira:
Fazer
pouco fruto a palavra de Deus no Mundo pode proceder de um de três princípios:
ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma
alma se converter por meio de um sermão, há-de haver três concursos: há-de
concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há-de concorrer o ouvinte com
o entendimento, percebendo; há-de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para
um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz.
Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e
olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há
mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão
entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são
necessários olhos, e necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre
com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o
homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.
Interessante saber como o panorama do mundo se reflete nas obras da literatura, não é mesmo ?
Bem, ficamos por aqui. Um beijão e até a próxima
!!!
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