Bom dia, minha gente ! Espero que todos
estejam bem !
Hoje vamos falar sobre algumas curiosidades
da língua portuguesa. Muitas expressões que usamos, e não sabemos por que
usamos, têm origens em fatos históricos, literários ou outros... hoje vamos
explicar alguns fatos curiosos que criaram expressões diversas, além de usos
inusitados de algumas palavras corriqueiras do nosso dia a dia.
Vamos ficar curiosos ?
Primeiramente, palavras com usos diferentes.
Alguém saberia dizer se está errado dizermos
as frases abaixo ?
Cuidou
que fosse uma outra pessoa.
Gostamos os
pratos com muito prazer.
Mas aquele rapaz atenazou muitas pessoas hoje.
E aí, estranho ? Elas parecem sem sentido, ou
erradas ? Mas não estão, não.
Muita gente não sabe, mas:
Cuidar,
além de significar ter cuidado, atenção
com algo, também significa pensar,
prestar atenção. E é neste sentido que ele aparece na primeira frase, ele
cuidou (pensou) que fosse outra pessoa...
Na segunda, podemos pensar que falta a
preposição “de”, que deveria ser gostamos
dos pratos... neste sentido, significaria apreciar, não é ? Mas gostar algo significa experimentar,
degustar... então nós experimentamos os pratos, assim mesmo...
Na terceira, muitos dirão: que diabos seria atenazar
? Se eu tivesse dito atazanar, todos
compreenderiam, não é mesmo ? Atazanar é
perturbar, incomodar... O que
ninguém sabe é que esta última forma é uma distorção do verbo original atenazar,
que tem o sentido igual ao de atazanar...
Vocês sabem de onde este verbo surgiu ? Atenazar significa torturar com tenazes (tenazes eram instrumentos que os torturadores
usavam, normalmente aquecidos, para arrancar pedaços ou machucar as pessoas...
credo !), daí usarmos na linguagem figurada como “torturar”, encher a
paciência, incomodar muito...
Agora, algumas expressões:
→ Fazer algo nas coxas: usamos muito, e não
sabemos por quê... Na época colonial, as telhas não eram feitas em moldes. Os
escravos moldavam a argila nas próprias coxas... Como as coxas eram diferentes,
cada telha saía ligeiramente diferente das outras, o que deixava os telhados
irregulares, mal feitos... Por isso usamos fazer nas coxas, fazer de maneira
desleixada, mal feita...
→ Por falar em telhados, esta vem da mesma área:
uma pessoa ser sem eira nem beira. Bem, na mesma época, no Brasil colônia, o
status social era mostrado pelos telhados das casas... isso mesmo, pelos
telhados... Quando as pessoas passavam em frente a uma casa, elas viam os
telhados: se eles tivessem dois acabamentos na parte inferior, como se fossem
pequenas lajes, enfeitadas ou não, os donos eram abastados, seus telhados
tinham eira e beira (o nome das duas camadas de acabamento dos bons
telhados)... Os sem eira nem beira eram os que tinham telhados simples, quer
dizer, não tinham dinheiro para fazer telhados melhores... Por isso que sem
eira nem beira é pobre, sem recursos...
→ E ser pobre de “marré deci” ? Como diz a
música infantil, eu sou pobre de marré deci... E de onde vem isso ? Do nosso
querido francês, meus caros ! A música em francês é assim: je suis pauvre, du Marais, d’ici (eu sou pobre, do Marais, daqui)...
Antigamente, o Marais era um bairro pobre de Paris... Hoje, ele é um luxo, e um
dos metros quadrados mais caros da Cidade Luz... Os brasileiros pegaram as
expressões francesas e aportuguesaram, hehehe...
→ E falamos com frequência que fulano é o
sicrano cuspido e escarrado... Na verdade, o correto é que fulano é o sicrano
esculpido em carrara (um mármore nobre)... Quer dizer, um é a imagem do outro,
como uma estátua... Não é estranho dizer que alguém é “cuspido e escarrado” pra
dizer que é muito parecido com outro ? E a gente usa sem perceber... Mais uma mudança
feita por não se compreender o sentido e alterar as palavras para algumas que
conhecemos...
→ Pra finalizar por hoje, também fala-se
muito que a Inês é morta... Isto quer dizer que já é tarde demais. De onde será que isso vem ? Simples, Inês era uma
dama da corte do rei D. Afonso IV, rei de Portugal no séc. XIV... o filho deste
rei, o infante D. Pedro, era casado e mantinha um caso com esta dama, chamada Inês de Castro. Este romance desagradava ao rei e a sua corte. Numa saída de D.
Pedro para caçar, o rei D. Afonso mandou matar Inês. D. Pedro retorna e fica
sabendo que era tarde demais, que Inês estava morta... Com a morte de seu pai, ele
se torna rei de Portugal, agora D. Pedro I (não o nosso D. Pedro, não, o de
Portugal...). Ele perseguiu e matou quem havia assassinado a futura rainha e,
diz a lenda, sem comprovação histórica, que ele mandou desenterrar Inês e que a
coroou diante de toda a corte, alegando que havia se casado com ela em segredo e
que ela era rainha de Portugal por direito... tétrico, mas romântico... vários autores imortalizaram a lenda na literatura. O mais famoso foi Camões, no seu Os Lusíadas, quando narra o Episódio de Inês de Castro...
Inusitada nossa língua e seus usos, não é mesmo
?
Voltamos numa outra oportunidade com mais
curiosidades.
Beijos e até mais !
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