Oi, minha gente, tudo bem por aí ?
Vamos terminar o assunto dos vícios de linguagem ?
Temos mais alguns para serem lembrados...
→ colisão: repetição desagradável de vários sons
consonantais iguais ou muito próximos. No texto em prosa, é desaconselhável,
pois o acúmulo e sons semelhantes deixa o texto estranho. Na poesia, ao
contrário, é um outro recurso estilístico, como vemos em alguns poemas, e que
leva musicalidade ao texto.
→ hiato: repetição insistente de sons vocálicos. Mesma
história da colisão e do eco, podemos usar como recursos estilísticos na
poesia. Na prosa, é desaconselhado, por causa da estrutura e intenção do uso da
prosa, de uma maneira geral.
→ plebeísmo (vulgarismo): uso de palavras e expressões vulgares,
normalmente das classes populares, de gírias, até mesmo palavrões, fora do
contexto correto para sua utilização. Hoje em dia, vemos até mesmo o abuso
dessas expressões, o que mostra um distanciamento da língua padrão. Por
exemplo, é horrível se chegarmos numa entrevista de emprego dizendo: “Aí, mano,
tô aqui pra entrevista de trampo, porque esta empresa é do c...” E
provavelmente o emprego não seria nosso...
→ neologismo: criação de palavras novas na língua sem necessidade ou o ato de dar novos sentidos para palavras que já
existem. Muitos neologismos surgem a partir das línguas estrangeiras, por seu
poderio econômico, cultural ou tecnológico, e acabam ficando populares, apesar
de termos palavras na própria língua que já designem o mesmo. Palavras como “plugar”,
que vem do inglês plug, é usada no
lugar de conectar, que já existe no
português. Alguns surgem no meio dos falantes, sendo que não constam do léxico,
como a expressão “logo menos”, que não existe na língua, criada por analogia a
logo mais...
→ arcaísmo: uso de palavras que já caíram em desuso na
língua. Este uso traz dois problemas: primeiro, poucos compreendem as palavras
arcaicas, segundo, quem as usa, parece pedante... Falar e escrever palavras
como chávena, tílburi, ou expressões
como pouco se me dá mostram usos
ultrapassados, que não facilitam em nada a comunicação. O uso de arcaísmos é
eficaz somente se escrevermos textos sobre épocas passadas, em que eles eram
correntes.
→ preciosismo: uso de expressões e palavras muito
eruditas, fora do uso comum. Isto torna o texto de difícil entendimento e
mostra uma soberba da parte do falante, que quer parecer superior pelo
vocabulário que usa. Falar “a besta arremessou-se em desvario e tranchou a
vítima com as férreas úngulas” é impensável... e não dissemos nada além de “o
animal se jogou como louco e cortou a vítima com as garras afiadas”...
→ obscuridade (prolixidade): criação de falas e
textos confusos, longos, de difícil compreensão. Na escrita, isto pode ocorrer
por uso de parágrafos muito longos, erros de pontuação, uso de vocabulário
indevido, erros de gramática, quebra da linha de raciocínio e falta de clareza
ao expor as ideias.
→ gerundismo: deixamos por último o que é mais
gritante na língua atual. Gerundismo é o abuso da forma gerúndio na fala e na
escrita. Só para lembrar, o gerúndio é uma forma nominal que deve ser usada em
duas ocasiões, e nesses casos não se configura o gerundismo:
a)
para indicar o tempo contínuo (presente,
passado e futuro), ou seja, para indicar coisas que estamos, estávamos ou
estaremos fazendo, ações contínuas... Então, é correto dizer que eu estou
escrevendo este texto neste momento... ou nós estávamos falando de você agora,
porque elas são ações contínuas. Simples assim...
b)
para formação das orações reduzidas de gerúndio: neste caso, elas
devem ser usadas com muito cuidado, e nem sempre. O abuso disso pode gerar
outro vício já citado, o galicismo, pois este uso é muito frequente no francês,
mas para nós torna-se um pouco cansativo. Podemos usar, às vezes, expressões
como: “Ela, sentindo-se cansada, preferiu voltar para casa”. O que significa: Como ela estava cansada, preferiu voltar
para casa.
O gerundismo ocorre com expressões que não
possuem fundamento, como uso para o futuro, em frases como “vou estar ligando
depois”, “você poderá estar pedindo”, e outras similares, que mostram um
extremo mau gosto e soam de maneira horrível aos ouvidos. Basta dizermos "vou ligar depois" e "você poderá pedir"... bem mais simples, limpo e bonito.
O gerúndio é uma forma nominal que tem uma
pronúncia carregada, desagradável, e deve ser usado com muito cuidado para não
se tornar cansativo e feio.
Ufa ! Espero que estes esclarecimentos ajudem
e que todos possam evitar esses usos indesejáveis.
Beijos, minha gente, até mais !
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