sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Vícios de linguagem - parte II



Oi, minha gente, tudo bem por aí ?

Vamos terminar o assunto dos vícios de linguagem ?

Temos mais alguns para serem lembrados...


→ colisão: repetição desagradável de vários sons consonantais iguais ou muito próximos. No texto em prosa, é desaconselhável, pois o acúmulo e sons semelhantes deixa o texto estranho. Na poesia, ao contrário, é um outro recurso estilístico, como vemos em alguns poemas, e que leva musicalidade ao texto.


→ hiato: repetição insistente de sons vocálicos. Mesma história da colisão e do eco, podemos usar como recursos estilísticos na poesia. Na prosa, é desaconselhado, por causa da estrutura e intenção do uso da prosa, de uma maneira geral.


→ plebeísmo (vulgarismo): uso de palavras e expressões vulgares, normalmente das classes populares, de gírias, até mesmo palavrões, fora do contexto correto para sua utilização. Hoje em dia, vemos até mesmo o abuso dessas expressões, o que mostra um distanciamento da língua padrão. Por exemplo, é horrível se chegarmos numa entrevista de emprego dizendo: “Aí, mano, tô aqui pra entrevista de trampo, porque esta empresa é do c...” E provavelmente o emprego não seria nosso...


→ neologismo: criação de palavras novas na língua sem necessidade ou o ato de dar novos sentidos para palavras que já existem. Muitos neologismos surgem a partir das línguas estrangeiras, por seu poderio econômico, cultural ou tecnológico, e acabam ficando populares, apesar de termos palavras na própria língua que já designem o mesmo. Palavras como “plugar”, que vem do inglês plug, é usada no lugar de conectar, que já existe no português. Alguns surgem no meio dos falantes, sendo que não constam do léxico, como a expressão “logo menos”, que não existe na língua, criada por analogia a logo mais...


→ arcaísmo: uso de palavras que já caíram em desuso na língua. Este uso traz dois problemas: primeiro, poucos compreendem as palavras arcaicas, segundo, quem as usa, parece pedante... Falar e escrever palavras como chávena, tílburi, ou expressões como pouco se me dá mostram usos ultrapassados, que não facilitam em nada a comunicação. O uso de arcaísmos é eficaz somente se escrevermos textos sobre épocas passadas, em que eles eram correntes.


→ preciosismo: uso de expressões e palavras muito eruditas, fora do uso comum. Isto torna o texto de difícil entendimento e mostra uma soberba da parte do falante, que quer parecer superior pelo vocabulário que usa. Falar “a besta arremessou-se em desvario e tranchou a vítima com as férreas úngulas” é impensável... e não dissemos nada além de “o animal se jogou como louco e cortou a vítima com as garras afiadas”...


→ obscuridade (prolixidade): criação de falas e textos confusos, longos, de difícil compreensão. Na escrita, isto pode ocorrer por uso de parágrafos muito longos, erros de pontuação, uso de vocabulário indevido, erros de gramática, quebra da linha de raciocínio e falta de clareza ao expor as ideias.


→ gerundismo: deixamos por último o que é mais gritante na língua atual. Gerundismo é o abuso da forma gerúndio na fala e na escrita. Só para lembrar, o gerúndio é uma forma nominal que deve ser usada em duas ocasiões, e nesses casos não se configura o gerundismo:

a)   para indicar o tempo contínuo (presente, passado e futuro), ou seja, para indicar coisas que estamos, estávamos ou estaremos fazendo, ações contínuas... Então, é correto dizer que eu estou escrevendo este texto neste momento... ou nós estávamos falando de você agora, porque elas são ações contínuas. Simples assim...

b)   para formação das orações reduzidas de gerúndio: neste caso, elas devem ser usadas com muito cuidado, e nem sempre. O abuso disso pode gerar outro vício já citado, o galicismo, pois este uso é muito frequente no francês, mas para nós torna-se um pouco cansativo. Podemos usar, às vezes, expressões como: “Ela, sentindo-se cansada, preferiu voltar para casa”. O que significa: Como ela estava cansada, preferiu voltar para casa.

O gerundismo ocorre com expressões que não possuem fundamento, como uso para o futuro, em frases como “vou estar ligando depois”, “você poderá estar pedindo”, e outras similares, que mostram um extremo mau gosto e soam de maneira horrível aos ouvidos. Basta dizermos "vou ligar depois" e "você poderá pedir"... bem mais simples, limpo e bonito.
O gerúndio é uma forma nominal que tem uma pronúncia carregada, desagradável, e deve ser usado com muito cuidado para não se tornar cansativo e feio.


Ufa ! Espero que estes esclarecimentos ajudem e que todos possam evitar esses usos indesejáveis.


Beijos, minha gente, até mais ! 


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