quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Literatura brasileira: o Parnasianismo



Bom dia, minha gente, tranquilo ?

Vamos falar um pouco de literatura ? Vocês já ouviram falar em Parnasianismo? 

Esse movimento literário, predominante na poesia, veio para o Brasil como reação ao sentimentalismo exagerado da poesia romântica, que entrava em declínio no final do séc. XIX, depois que Castro Alves divulgou poesia romântica de cunho social, que abriu caminho para a era realista.

Inspirado no Parnaso francês, nossos poetas começaram a trabalhar na nova estética, mas não conseguiram a isenção completa do sentimento, porque, por natureza, o brasileiro é mais sentimental.

Os maiores representantes do Parnasianismo no Brasil foram três poetas, a chamada tríade parnasiana: Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.


As principais características da estética parnasiana são:

→ reação ao Romantismo, tentativa de superar o sentimentalismo (o que ocorreu na França, mas não totalmente no Brasil);

→ linguagem correta, rebuscada, vocabulário erudito;

→ predileção pelas estéticas poéticas fixas, principalmente o soneto;

→ versos no estilo clássico, como o heroico (10 sílabas) e o alexandrino (12 sílabas);

→ poesia descritiva e objetiva;

→ exaltação da forma em detrimento do conteúdo;

→ rimas raras, preciosas, sem liberdades poéticas;

→ temas exóticos;

→ inspiração clássica.


Alberto de Oliveira → maior representante parnasiano, que carrega as principais características do movimento no Brasil. Fala sobre a natureza e a saudade. Não atinge a isenção total do sentimento exigida de um parnasiano.

Raimundo Correia → foi influenciado pelo poeta realista português Antero de Quental. Iniciou a carreira sob a bandeira romântica. Como parnasiano, tem um estilo muito formal e filosófico. Enfoca muito a natureza, a sensualidade da mulher. Seus estilo não é tão límpido como o dos demais parnasianos.

Olavo Bilac → o mais famoso poeta parnasiano brasileiro. Inspirou-se na mitologia greco-romana, que aparece muito em seus versos. Retrata o amor, o patriotismo e o lirismo. De um estilo nobre, Bilac procura insistentemente a perfeição formal, a pureza da língua e o vocabulário elegante. Ficou conhecido como o Príncipe dos Poetas.


Colocamos aqui, como exemplo, um soneto de Olavo Bilac, de caráter descritivo, inspirado na Mitologia Grega. Reparem na forma rígida, no vocabulário rebuscado e na estrutura das rimas.


O Crepúsculo dos Deuses

Fulge em nuvens, no poente, o Olimpo. O céu delira.
Os deuses rugem. Entre incêndios de ouro e gemas,
Há torrentes de sangue, hecatombes supremas,
Heróis rojando ao chão, troféus ardendo em pira,

Ilíadas, bulcões de gládios e diademas,
Ossa e Pélio tombando, e Zeus em raios de ira,
E Acrópoles em fogo, e Homero erguendo a lira
Em reverberações de batalhas e poemas...

Mas o vento, embocando as bramidoras trompas,
Clangora. Rolam no ar, de roldão, num tumulto,
Os numes e os titãs, varridos à rajada:

E ódio, furor, tropel, fastígio, glória, pompas,
Chamas, o Olimpo, - tudo esbate-se, sepulto
Em cinza, em crepe, em fumo, em sonho, em noite, em nada.

(Olavo Bilac)


É isso aí, meus caros, espero ter esclarecido um pouco esse período da nossa literatura.


Beijão !


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