E aí, meu povo, vocês estão assando neste
calor ? Espero que aproveitem o domingo...
Mas vamos ao que interessa... mais um pouco
de Figuras de Linguagem. Na postagem de ontem, falamos das principais figuras
que se fixam na palavra. Hoje continuamos com as figuras que mexem com as
estruturas das frases, as figuras ligadas à construção, ou à sintaxe, porque
trabalham com as alterações das estruturas morfossintáticas.
Vamos a elas:
Elipse → nesta figura, suprimimos algum termo da oração, cujo sentido é conseguido pelo
contexto, o que dá um certo ar de estranheza que chama a atenção do leitor,
trazendo com isso o recurso expressivo:
Bolo,
bom mesmo, pudim, muito melhor...
Percebam que no período acima foram retirados
os verbos da oração, e também uma conjunção. O período completo seria: Bolo é bom mesmo, mas pudim é muito melhor... O fato de criarmos a elipse
(a supressão de elementos sintáticos) nos faz prestar uma atenção maior ao
texto.
Quando retiramos um termo já expresso
anteriormente no enunciado, chamamos esta supressão de Zeugma.
Gostamos de xadrez, eles de damas (na
verdade, eles gostam
de damas).
Aqui, suprimimos o verbo gostar na segunda oração, que estava expresso na primeira.
Pleonasmo →
é a repetição de termos sintaticamente semelhantes, ou de sentidos semelhantes,
dentro de um texto, tornando-os redundantes. O objetivo é dar destaque, ênfase a
este termo.
Darei à Márcia, a ela, um presente inesquecível.
Vejam que à
Márcia e a ela são a mesma coisa,
complementos do verbo dar, a mesma pessoa, repetiu-se para dar ênfase para quem vai receber o presente.
Observação: o uso de pleonasmo
em frases clichês, já gastas pelo uso e sem valor estilístico é considerado um
vício de linguagem: subir para cima, sair
para fora, preferir mais, entre outras expressões, são desaconselhadas e
tomadas como erros grosseiros.
Polissíndeto → é a repetição
intencional do conectivo, em geral o e,
para dar ênfase ou ritmo a uma sentença:
Trabalha,
e
teima, e
lima, e sofre, e sua! (Olavo Bilac)
Outras palavras também podem ser repetidas
para efeito estilístico. Neste caso, chamamos a figura de linguagem de Repetição.
Tudo, tudo parado: parado e morto. (Mário Palmério)
Se esta repetição aparece na primeira linha
de cada enunciado, como num poema, por exemplo, chamamos a figura de Anáfora.
A Estrela
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia. (Manuel Bandeira)
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia. (Manuel Bandeira)
Assíndeto → contrariamente ao polissíndeto, é a retirada intencional do conectivo.
Vim,
vi, venci.
(Júlio César)
Inversão → como o nome diz, usamos as palavras invertidas da ordem natural, conhecida como
ordem direta, para darmos um ar extravagante e diferenciado ao enunciado.
Quando 900 anos você tem, tão boa aparência você
não terá.
(Mestre Yoda)
Nosso pequenino grande mestre jedi é
especialista em inversões. As pessoas dizem que sua maneira de falar é
engraçada, pois foge do convencional, e acaba sendo uma marca da personagem
fictícia da saga Star Wars. Se ele falasse na ordem direta, Quando você tem 900 anos, você não terá uma
aparência tão boa, suas palavras não seriam tão destacadas, não é mesmo ?
Alguns diferenciam a simples inversão do Hipérbato, que seria uma inversão em
tão alto grau, que chega a atrapalhar a compreensão geral do enunciado.
Ouviram
do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante. (Joaquim Osório
Duque Estrada)
Muitos sentem dificuldades em entender nosso Hino
Nacional, por inversões extremas (ou hipérbatos). Os versos acima são confusos
por isso. Coloco abaixo em ordem direta e o sentido se esclarece de pronto:
As
margens plácidas do Ipiranga ouviram o grito retumbante de um povo heroico.
Anacoluto → é a quebra da
estrutura sintática iniciada e o começo de uma outra. O texto começa a falar em
algo, suspende esse enunciado e inicia um outro.
O povo, quando deseja, nós
podemos fazer muita coisa pelo país.
Notem que o sujeito inicial (o povo) está solto, depois da marcação quando deseja, inicia-se uma nova oração
(nós podemos fazer muita coisa pelo país)
e a primeira é rompida, abandonada.
Silepse → esta acontece quando fazemos a concordância não com o termo escrito, mas com a
ideia associada a ele.
São Paulo é muito rica, próspera, mas mal cuidada.
Os adjetivos rica, próspera e cuidada
concordam em gênero feminino com a ideia de cidade, já que São Paulo é um
substantivo masculino.
A silepse é tradicionalmente de três tipos:
de gênero (masculino e feminino), de
número (singular e plural) ou de pessoa (concordância do verbo com o
sujeito).
Ufa ! Bastante informação, não é ? Mas espero que seja esclarecedora nossa postagem. Voltamos
com as últimas figuras de linguagem !
Beijos e até mais !
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