E aí, meu povo, tudo certinho por aí ?
Hoje é dia de começarmos uma pequena série em
três partes, para falarmos sobre um assunto que é interessante para os alunos
que estudam para o vestibular e para entender melhor a literatura.
Vamos tratar das Figuras de Linguagem.
Figuras de Linguagem são usos de palavras ou
expressões na língua com o intuito de dar ao texto, seja em prosa ou em verso,
uma característica mais expressiva.
Para tanto, pegamos estas palavras e
expressões e as usamos com o sentido alterado em relação ao uso comum.
Com esta
modificação ou utilização inusitada, conseguimos um efeito esteticamente
agradável, pois a expressão chama nossa atenção por sua estranheza em face do
que é feito na linguagem corriqueira.
Para sermos mais práticos, vamos dividir
estas figuras com relação ao tipo de modificação que fazemos para o efeito
estético:
Podemos usar, para o recurso expressivo da
figura de linguagem:
→ a modificação do sentido de uma palavra,
dentro do contexto:
Quando dizemos que João é um touro, a palavra touro
não está no seu sentido literal, e a alteração de sentido desta palavra traz o
recurso expressivo. Queremos na verdade dizer que ele é forte, ou gordo, ou incontrolável como um touro.
→ a alteração da estrutura da frase:
Quando o Mestre Yoda diz que sofrimento e dor
o Lado Negro traz, ele está fazendo o uso de uma quebra na estrutura normal da
frase, o que causa estranheza e chama a atenção do leitor ou ouvinte, e daí, da
estrutura da frase, nasce o recurso de estilo.
→ o jogo de ideias dentro do contexto:
Quando Camões diz que Amor é fogo que arde
sem se ver, ele toca nossos sentidos com ideias que se contradizem, que até mesmo
não fazem sentido num contexto literal (como algo é um fogo, arde e não pode ser
visto ?). Este recurso lança mão de um jogo de ideias para realizar o processo
de estilo.
A partir destes três níveis de recursos,
podemos dividir as Figuras de Linguagem. Naturalmente, vamos falar aqui
daquelas que são mais comuns, autores há que as listam em dezenas e dezenas de
tipos, mas vamos aos mais conhecidos.
Hoje, trataremos das que mexem com a
modificação das palavras.
Metáfora → a metáfora é a modificação do
sentido de uma palavra, para efeito estilístico.
Marina sempre foi uma flor de formosura.
Na verdade, Marina não é uma flor, mas se
compara em beleza a uma. A metáfora é uma comparação abreviada, que se faz na
mente, não expressamente no texto.
Comparação → aqui temos a comparação textual.
Maria é bela e delicada como uma flor do
campo.
O elemento de comparação (como) está expresso
no texto, dizemos que Marina se compara em beleza e delicadeza a uma flor do
campo.
Metonímia → trata-se do uso de uma palavra por
outra a ela relacionada. Ela ocorre de várias maneiras, vamos citar algumas.
Mateus gosta de ler Machado de Assis.
Usamos aqui Machado de Assis, mas na verdade
a pessoa lê o romance, o conto, a obra de Machado. Usamos o autor no lugar da
obra.
Sorveu a taça de champanha com gosto.
Na verdade, a pessoa sorveu o conteúdo (o
champanha) que estava na taça. Temos aqui o continente (taça) no lugar do
conteúdo (champanha).
Ele não tinha teto para protegê-lo do frio
cortante.
Na realidade, a pessoa não tinha casa. O teto
(parte) está colocado para representar o todo (a casa).
Perífrase → nesta figura são usadas
expressões que, pelos seus atributos, levam ao reconhecimento do ser a que elas
se referem. São expressões explicativas que são colocadas no lugar do ser a que
estão ligadas.
O Santo Padre esteve no Brasil (o Santo Padre
é o Papa).
O Rei do Pop morreu cedo (referimo-nos a Michael
Jackson).
A Locomotiva do Brasil anda emperrando
(trata-se de São Paulo).
O Poeta dos Escravos pertencia à escola
romântica (falamos de Castro Alves).
Sinestesia → é o uso de uma palavra que se
refere a um dos sentidos para remeter a outro sentido do corpo. Na sinestesia,
misturamos sensações.
Os sons multicoloridos da sinfonia nos
encantam sempre (multicoloridos refere-se à sensação da visão, mas aqui
mistura-se à ideia de ouvir, relacionada à audição).
Ela frequentemente fixa-nos seu olhar duro,
como para nos criticar (a dureza é uma característica relacionada ao tato, mas
aqui é colocada em relação à visão).
Catacrese → a catacrese é o uso de uma palavra ou expressão para designar algo que não tem um nome ou descrição próprios. Esta escolha é feita por semelhança entre o que se quer nomear e o que existe de parecido com ele.
Queimei o céu da boca com leite.
Percebam que o "céu da boca" é arredondado e está acima na boca, por isso é associado ao céu, a expressão não é correta, mas está em uso na língua, talvez por causa do termo técnico palato ser uma palavra muito erudita e não ser usado pelo falante geral.
O mesmo acontece com "pé da mesa", "batata da perna", "dente de alho", entre outros.
Catacrese → a catacrese é o uso de uma palavra ou expressão para designar algo que não tem um nome ou descrição próprios. Esta escolha é feita por semelhança entre o que se quer nomear e o que existe de parecido com ele.
Queimei o céu da boca com leite.
Percebam que o "céu da boca" é arredondado e está acima na boca, por isso é associado ao céu, a expressão não é correta, mas está em uso na língua, talvez por causa do termo técnico palato ser uma palavra muito erudita e não ser usado pelo falante geral.
O mesmo acontece com "pé da mesa", "batata da perna", "dente de alho", entre outros.
Já temos algumas informações para pensarmos a respeito, não é mesmo ?
Voltamos numa próxima oportunidade com mais
figuras de linguagem. Aguardem !
Beijos ! Ótimo final de semana a todos !
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